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22 de abril de 1500

Em 22 de abril de 1500 os portugueses tomaram posse das terras sul-americanas que depois viriam a ser o Brasil. Não houve descobrimento porque eles não estavam tirando dos mistérios do oceano uma terra nova, nunca tocada por pés europeus. O que os portugueses fizeram foi garantir para si a terra que eles sabiam que existia e que já tinham visitado antes.

O desembarque na Bahia era parte da viagem de Pedro Álvares Cabral para a Índia, comandando a maior frota que até então navegara pelo Atlântico. Os navegadores portugueses não abririam tanto em direção ao outro lado do oceano por erro de navegação. Os pilotos sabiam para onde navegavam e porque navegavam.

Antes de dobrar o Cabo da Boa Esperança, a meio caminho, cruzar o Atlântico e tomar posse, com padrões de pedra, das terras descritas com detalhes impressionantes por Pero Vaz de Caminha, o escrivão de bordo, que nela lançou antiga moda nacional: pedir emprego para os parentes.

Cabral sabia o rumo, tinha a rota e sua frota seguiu meticulosamente o roteiro traçado, dando mais um passo na conquista portuguesa que resultou no mais longevo império europeu. Macau, entregue para a China na segunda metade do século 20, foi a última colônia europeia a ser devolvida.

Os portugueses, em menos de cem anos, conquistaram a terra de que haviam se apossado em 22 de abril de 1500 e que, de acordo com os tratados europeus, confirmados pelo Papa, eram suas de pleno direito.

Ao contrário de outros colonizadores, os portugueses não exterminaram pelas armas os habitantes da terra. Eles se misturaram a eles, casaram, tiveram filhos e os incorporaram ao império.  Quanto aos inimigos, estes já eram inimigos dos indígenas seus aliados. Juntos, fizeram guerra e a venceram, como acontece no mundo desde que o mundo é mundo.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.