Já aconteceu antes

Quando eu era menino, a energia elétrica da fazenda de Louveira era fornecida por uma companhia que não existe mais, chamada Itatibense de Força e Luz. A marca registrada da Itatibense é que não precisava chover ou ventar para acabar a energia elétrica. Era o céu começar a ficar cinza e a luz começava a piscar para, em seguida, apagar de vez e ficar horas apagada.

A luta para mudar de fornecedora levou anos, mas finalmente a entrega da energia elétrica da fazenda passou para a Light, que, com uma constância muito maior no fornecimento da energia elétrica, mudou a realidade da fazenda.

Ali nós tivemos sorte da fazenda estar localizada exatamente no meio da divisa das duas concessões, de um lado, Light, de outro, Itatibense. Puxa daqui, empurra dali, e a mudança foi possível, com ganhos óbvios para a fazenda e para a Light, que conseguiu um novo cliente, em cima da incompetência da sua concorrente.

É interessante como a história se repete. O que acontece em São Paulo é a mesma coisa que acontecia na fazenda de Louveira, até meados da década de 1960.

Duvido que a Enel soubesse dessa história, mas, na prática, ela repete o que a Itatibense de Força e Luz fazia. É o céu ficar cinza, ou nem isso, como aconteceu outro dia, quando, perto de meia noite, uma parte grande do bairro ficou sem energia.

Pena que em São Paulo não seja possível mudar. Não tem como sair do jugo da distribuidora de energia elétrica que atende a cidade. Não tem ninguém para nos salvar, trabalhando na beirada de sua área de atuação. Não, aqui nós somos escravos da Enel. Isso mesmo! Escravos, acorrentados ao seu monopólio e sem ninguém para nos libertar.

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