Praça José Vieira
[Crônica de 26 de julho de 2007]
A dinâmica urbana capitaneada pela incompetência é no mínimo apavorante. Mas ela está aí, é uma força viva, e causa estragos de deixar o próximo de cabelo em pé, por conta das barbaridades que vão sendo feitas sem qualquer critério, exceto a incapacidade, a falta de responsabilidade e a imensa ignorância de quem as pratica.
É assim que a rua São Vicente de Paula, atrás do shopping Higienópolis, virou Vicente de Paulo, numa prova irrefutável do desconhecimento até do nome dos santos.
Mas se fosse só ela, seria fácil, o problema é que a moda vai se espalhando, com resultados muitas vezes patéticos, não houvesse um viés trágico que é a completa descaracterização de uma homenagem feita pela cidade para alguém que por alguma razão mereceu ser lembrado, dando nome a uma rua, ou praça.
A maioria das ruas de São Paulo tem nome de pessoas, ou fatos ou eventos que de uma forma ou de outra merecem a homenagem. Por seu lado a maioria da população não tem a menor ideia de quem foram estas pessoas, do que quer dizer os nomes dos lugares e o que significam as datas. Começando pela 9 de julho, passando pela Avenida Rebouças, prosseguindo na Faria Lima, na Henrique Schaumann, na 23 de maio, na Rubem Berta e em milhares de ruas menores, ou menos importantes.
Mas mudar o nome do homenageado por faceirice da CET é um pouco demais. Exemplo disso, tirando o santo do começo, é a praça José Vieira de Carvalho Mesquita que homenageia um ex-diretor do jornal O Estado de S. Paulo, e que virou praça José Vieira, que não diz nada para a história da cidade. É triste ver a homenagem ao cidadão Juca Mesquita ser transformada em outra para alguém que ninguém conhece.
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