O inventor da Liberdade

[Crônica de 20 de fevereiro de 2008]

No ano do centenário da imigração japonesa não tem como deixar de prestar atenção no bairro da Liberdade, em São Paulo. Com certeza não há símbolo mais forte da presença oriental no país.

O que pouca gente sabe é que o Bairro Oriental da Liberdade não nasceu sem querer, mas foi criado deliberadamente pela prefeitura da cidade em 1969.

O pai da ideia foi o jornalista Randolpho Marques Lobato, que sugeriu ao então secretário do Turismo, Amedeu Papa a revitalização do bairro, na época em franca decadência, e sua transformação numa nova atração turística: o Bairro Oriental da Liberdade.

Polo catalisador de japoneses, chineses e coreanos, a Liberdade era um dos bairros mais antigos de São Paulo. No final dos anos 1960 encontrava-se deteriorado e em franca decadência, consequência do seu isolamento das partes mais modernas da cidade, que começava a marchar para o outro lado, rumo ao espigão da Avenida Paulista.

A ideia do Lobato era simples: por que não recuperar a Liberdade, dando-lhe um desenho compatível com as tradições dos imigrantes e seus descendentes que o haviam ocupado? 

Seria uma forma de integrar pessoas com culturas profundamente diferentes ao dia a dia da cidade.

O secretário Amedeu Papa logo comprou a ideia e levou-a ao prefeito. Paulo Maluf também gostou do projeto e nomeou o próprio Lobato, ainda que jornalista de O Estado de S. Paulo, para presidente da Comissão de Implantação do Bairro Oriental da Liberdade.

Foi assim que da visão de um brasileiro surgiu um dos pontos marcantes da cidade e o grande símbolo da presença oriental no país.
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