A radicalização não é só nossa

O Brasil está dividido entre nós e eles faz tempo. A invenção foi do atual presidente nos seus mandatos anteriores. Mas o barco navegou por mares turbulentos e o outro lado, seja o de cá ou o de lá – depende do ponto de vista – descobriu que era fácil ganhar espaço em cima da desilusão da população com as promessas feitas desde 2002 sobre o futuro do Brasil.

Deu certo. O outro lado ganhou e só não levou de vez porque, na véspera da última eleição, dois protagonistas de ponta protagonizaram barbaridades como correr atrás de um cidadão com uma pistola na mão, enquanto o outro atirou na Polícia Federal. Não fosse isso, a pequena diferença que elegeu o atual governo poderia ter elegido o outro lado.

Daí pra frente, assistimos barbaridades de todos os tipos, culminado com uma tentativa de golpe de estado que cairia bem num filme cômico dos anos 1960.

Só que a polarização segue em frente, no ritmo da vida e, a cada dia que passa, se acentua e é mais acentuada pelos que estão no poder e pelos que querem voltar ao poder. A diferença é que a chamada direita usa a internet com muito mais competência e a chamada esquerda está ficando sem palanque porque não avançou no discurso e segue firme como se tivesse o Muro de Berlim e a União Soviética fosse a pátria dos pobres.

Mas esse discurso não é só nosso. No mundo inteiro, o pau está comendo e, entre secos e molhados, a dita direita está avançando com tudo e ganhando as eleições, inclusive nas democracias sociais da Europa.

Como a balança do mundo depende dos Estados Unidos e lá também a direita está levando vantagem, tem tudo para vivermos uma época diferente, com mudanças que ninguém sabe quais serão, mas com certeza o jogo ficará bem mais complicado e com apoio do povo.