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A natureza é a dona do jogo

Eu conheci o Rio Grande do Sul na década de 1970. Porto Alegre era um jardim e Gramado, lugar de conto de fadas. Durante muitos anos, ao longo da década de 1980, eu viajei pelo Estado, a trabalho e a passeio. O que mais me chamava a atenção era que as casas de Poro Alegre tinham muro baixo, como as casas de São Paulo até a década de 1960.

A cidade era limpa e segura. Eu andava a pé de noite sem nenhuma preocupação com assaltos ou outras violências. Depois, a situação foi se modificando. O Estado foi recebendo sua dose de miséria e as favelas começaram a surgir na beira das estradas. Os moradores de rua deixaram de ser raros. 

Mas, na comparação com outros estados, o Rio Grande do Sul sempre se destacou. Sempre foi dos estados mais ricos e desenvolvidos do país. Grande produtor rural, sua indústria e comércio sempre tiveram nomes de respeito entre as maiores marcas do país.

A qualidade de vida no estado, com todas as distorções das últimas décadas, seguiu sendo das melhores da nação. Seu ensino, a base moral, as tradições dos seus colonizadores fizeram do Rio Grande do Sul um lugar diferente, com regras próprias, que davam uma força especial e impulsionavam o progresso do estado, mesmo com a política fazendo sua parte para complicar o jogo.

A natureza precisou de três dias para derrubar o castelo e nocautear o gigante. Se, em outras partes do Brasil, os estragos, por mais brutais que sejam, ficam limitados a uma área específica, desta vez, no Rio Grande do Sul, a pancada foi ampla, geral e irrestrita. Mais da metade do Estado foi varrida por tempestades impressionantes e as águas fora de controle se encarregaram de destruir o que encontravam pela frente. Se faltava alguma coisa para ficar claro, depois disso, quem manda é a Natureza.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.