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O Opala 71 novo

[Crônica de 26 de junho de 2001]

Meu primeiro carro foi um Opala Especial, 1971. Na época era quase o que havia de melhor no Brasil, e, na sua categoria, era o melhor mesmo. Foi um carro inesquecível por todos os motivos, começando por ser o meu primeiro carro. Mas ele foi muito além, me levando, durante 2 anos e mais de 80 mil quilômetros, para lugares, na época, tão distantes e impossíveis, como o Rio Grande do Norte, começando a viagem por Louveira, Uberaba e depois subindo para Brasília. Foram quase 15.000 quilômetros sem o carro pifar uma única vez. 

Durante a aventura o Zé Cássio do Val e eu não trocamos sequer um pneu do Opala, apelidado de Gatão, porque a irmã do Zé me deu um imenso adesivo, com um gato feito de flores, que foi colado na porta do motorista, tendo como contraponto uma margarida, colada na porta do outro lado. Como a cor do carro era verde amazonas, os dois decalques faziam efeito, sendo que, para completar, em cima da capota ele ainda tinha um rack cor de laranja.

E foi um carro quase igual ao meu primeiro carro que eu vi outro dia na rua. Um opala especial 1971, verde, mas de um verde diferente do meu e… por incrível que pareça, em estado de novo.

Não era mais um carro velho, piorando o trânsito de São Paulo. O que me deu saudade foi exatamente isso. O opala estava praticamente novo, com seus poucos cromados brilhando, com a pintura perfeita e até com as calotas, e o único retrovisor externo do lado esquerdo, originais. 

Confesso que ao ver o bruto me deu saudade. Saudade de um tempo gostoso em que ser herói era mais fácil e a vida pegava mais leve.

De um tempo que eu estou vendo chegar para as minhas filhas e para os amigos delas e, que eu espero, seja para eles tão bom e tão gostoso como foi para mim e para os meus amigos.

O opala especial 71, novo em 2001, abriu de novo as portas dos sonhos e a possibilidade de vive-los.
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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.