Tem gente que acha que é só lá
Tem gente que acha que o que aconteceu no Rio Grande do Sul só acontece lá. Não é bem assim. Acontece em outros lugares, inclusive na cidade de São Paulo.
São Paulo sempre foi famosa pelas enchentes de suas várzeas. No período colonial, era proibido construir nelas porque se imaginava que as epidemias que assolavam a população eram fruto dos mosquitos que infestavam as várzeas depois das inundações. E, nessa época, o Tietê e o Pinheiros serpenteavam em curvas largas e lentas, se espalhando pelo terreno e diminuindo a velocidade das águas.
Depois, retificaram os leitos dos rios, acabaram com as curvas, aumentaram a velocidade das águas, mas não aumentaram a capacidade de vazão. O resultado é que as enchentes encontraram campo propício e entraram com tudo, não só na Vila Pantanal, mas também em outras regiões.
Quem pensa que a área das represas Billings e Guarapiranga é segura está completamente enganado. Já aconteceu, e não faz tanto tempo, das águas da Guarapiranga ameaçarem passar por cima da barragem. Se isso acontecesse, o desastre estaria garantido, com todo o entorno do leito do Pinheiros sendo inundado, tendo na frente uma onda avassaladora.
Além do risco das enchentes, São Paulo tem centenas de áreas sujeitas a deslizamentos de encosta. E o próximo verão vai chegar mais rápido do que imaginam. Seis meses passam num piscar de olhos.
Vamos ficar espertos e prestar atenção nos sinais. Não é hora de marcar bobeira. Mais do que nunca, todas as providências para evitar tragédias precisam ser implementadas rapidamente. E a primeira é um profundo trabalho de limpeza dos bueiros. Mesmo com tudo feito como manda o figurino, os riscos são altos. Não podemos perder tempo.
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