É novo, mas não é tão novo
O país parou com a notícia de que Donald Trump havia deportado 88 imigrantes ilegais brasileiros dos Estados Unidos de volta para o Brasil. Por uma falha mecânica, o avião teve que pousar em Manaus e não seguiu viagem para Belo Horizonte, seu destino final. Esse trecho os brasileiros fizeram num avião da FAB, enviado por ordem presidencial.
A notícia estourou como uma bomba, principalmente porque a deportação se deu poucos dias após a posse do novo presidente norte-americano, que, em seu discurso, disse que deportaria milhões de imigrantes ilegais de volta para seus países de origem.
Do jeito como foi noticiado, pareceu que os Estados Unidos estavam começando alguma coisa nova, que a viagem de volta dos brasileiros era algo inédito, jamais visto nas relações entre os dois países.
Só que não é bem assim. Ao contrário, durante toda a gestão Biden os norte-americanos deportaram milhares de brasileiros ilegais, sem ninguém dar maior destaque para isso.
Conhecendo como os americanos fazem as coisas, não me parece nem que as algemas foram um fato novo. Não, eu não apoio, nem concordo que os passageiros venham algemados, num voo de mais de nove horas de duração. Muito menos concordo com os maus tratos de que eles foram vítimas.
Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Esses brasileiros estavam ilegalmente nos Estados Unidos. Foram para lá porque quiseram, atrás de melhores condições de vida. Sem dúvida, infringiram a lei e sabiam o que estavam fazendo. Mas isso não justifica serem colocados num avião algemados e muito menos sofrerem maus tratos durante o voo.
Vai continuar? Vai. E o governo brasileiro não pode alegar que não sabia que isso acontecia faz tempo. A questão é como lidar com isso no governo Trump.
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