Será que as coisas vão bem?
Dizem, ou pelo menos uma rede de televisão dá a entender, que as coisas vão bem e que os preços no varejo estão recuando. Como se imagina que, antes de colocar suas matérias no ar, seus jornalistas façam uma verificação para ter certeza de que não é fake news, eu gostaria de saber qual o nome e o endereço do supermercado. Mesmo se for longe vou dar um jeito de fazer minhas compras lá, porque a diferença de preço é um absurdo.
Não é preciso fazer a compra do mês para levar um susto. Não, meia dúzia de produtos para um churrasco no fim de semana são mais do que suficientes. E isso sem comprar picanha, a picanha que disseram que iam colocar de novo na mesa de todos os brasileiros, mas que está cada vez mais distante, até da classe média.
Quando o dólar saltou de 5 para 6 reais, não foi apenas um aumento de um real, foi um salto de 20% no aumento da diferença entre as duas moedas. Para dar uma ideia do que 20% é capaz de fazer, a inflação brasileira está fora da meta, mas bem menos que isso. Era para ser 4,5 e está em 4,8 e o estrago pode ser visto em quase todos os produtos, entre eles, os combustíveis.
E aí começa a ciranda maluca que já nos levou para o buraco mais de uma vez. O dólar sobe, a inflação sobe, os juros sobem, o custo de vida sobe e um afeta o outro, alimentando o aumento automático dos preços e pegando os mais vulneráveis de frente.
Entre secos e molhados, para ficar no supermercado, o momento pode ter um retrato bonito, mas, no ritmo que vai, com tudo aumentando a passo acelerado, o filme à frente será bem mais complicado. Que Deus ilumine nossos políticos e lhes dê o bom senso que costuma faltar. Se eles fizerem a lição de casa, já será muito difícil. Se não fizerem, a vaca vai para o brejo. E quem paga a conta somos nós.
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