Agora acabou mesmo
Com o fim do carnaval, ou quase, o que faltava para se ter certeza de que qualquer sombra de paz acabou está confirmado. A cidade voltou ao seu ritmo insano e distópico. Não há o que fazer senão entregar a alma a Deus, como já escrevi antes. O corpo, o diabo levou.
Agora é tocar em frente com a paciência dos gurus indianos esperando para se transformar em flor. Ou do pescador que joga a linha nas águas do Tietê, na altura de Guarulhos.
Vai piorar? É provável. Já está ruim para ninguém colocar defeito. O trânsito não anda, os assaltos seguem firmes, o que deveria ser não é e por aí a fora. Vamos na toada das chuvas que ainda caem, até porque precisam fazer a fama das águas de março. Em outras palavras, vai piorar.
Tem gente que gosta, tem gente que não gosta, o fato incontestável é que São Paulo está cada dia mais difícil. Seja onde for ou como for, a cidade não ajuda, não porque não queira, mas porque não tem como. Tem gente demais e espaço de menos. Nas ruas, estádios de futebol, shoppings ou shows de funk, tanto faz, tem mais gente do que cabe.
Ir para qualquer lugar pode ser uma aventura inimaginável. Pode acontecer de tudo, desde não acontecer nada até o trem descarrilhar. Surpresa! É assim que as coisas são, não tem o que fazer.
Um poeta disse que, se não tem o que fazer, está feito. O resto é poesia pós-concreta reduzida a Haikai ou sonetinho de primeira namorada. Há quem queira invocar as forças dos filmes de terror para tentar ajudar. Não sei se funciona… Muito provavelmente elas sairiam correndo de medo, ante a realidade aterradora ameaçando cair sobre suas cabeças.
Um amigo sugere fazer uma sessão para chamar Átila, o Huno e seus guerreiros para tentar colocar ordem na casa. Pode ser que dê certo. Em todo caso, não custa tentar. Quem se habilita?
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