Tem duas inflações
Tem duas inflações: a inflação para inglês ver e o governo dizer que está dando certo e inflação que dói no bolso do povo, que não tem para onde correr, nem pra quem pedir socorro.
O IBGE pode dizer o que quiser, os outros institutos podem reforçar a fala do IBGE, mas, na prática, o que vale é a inflação que dói no bolso, que faz a gente ter vergonha de ir ao supermercado, que não dá para comprar remédio na farmácia, que faz o passeio ao shopping se transformar numa enorme piada, com a risada puxada pelos preços nas vitrines das lojas.
Dizem que o governo está preocupado, que baixou impostos de importação e conversou com os empresários como se a culpa fosse dos empresários que, por pura maldade, querem atrapalhar o governo.
Como, em terra de cego, quem tem um olho estrábico é rei, aqui, a coisa está feia. Não tem olho bom no governo e a turma insiste em seguir na mesma toada, como se insistir no erro mais de duas vezes fizesse o erro dar certo. Não dá. Eu já escrevi mais de uma vez que somar erros não faz dar certo, só aumenta o número de tentativas erradas.
A confiança do mercado é tão baixa quanto a popularidade do Presidente, ou seja, está descendo para patamares apavorantes e o mais apavorante é que ninguém tem muita certeza do que o Presidente vai fazer para tentar remediar o quadro. A única certeza é que vai piorar muito antes de ameaçar melhorar.
Como o mundo não é lugar para amadores, corremos o risco de tomarmos uma segunda bordoada. Uma pancada vinda de fora, um direto no queixo, dado por alguém muito mais forte, que não está fazendo graça com ninguém e já colocou o Brasil na lista.
Entre o dia e a noite, corre muita água debaixo da ponte. O grande risco é o rio decidir levar a ponte.
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