São Paulo pode ficar sem água
Não é fake news. São Paulo corre o risco de, num futuro não tão distante, simplesmente ficar sem água, ou uma parte da cidade ficar sem água, o que não é bom para ninguém, nem matéria para político fazer demagogia barata.
O Governo do Estado diz que, com a privatização da SABESP, em 2029 a universalização do serviço será realidade. Que todos terão água e esgoto tratados. Será? Em primeiro lugar, precisamos ter sorte para chegar em 2029 e a previsão se cumprir. Em segundo, tem muito a ser feito que passa ao largo da missão da SABESP e que, até este momento, vai sendo empurrado com a barriga, como se nunca tivesse existido o problema.
Só que o problema é sério e vai se agravando dia a dia, desde a década de 1970, quando começaram as ocupações ilegais das terras em volta das represas Billings e Guarapiranga. Dizem os especialistas que hoje o crime organizado está envolvido no assunto e controla muitos dos loteamentos clandestinos escondidos atrás de um renque de árvores, que é deixado de propósito para esconder o que acontece no meio da gleba. E o que acontece é que a ocupação segue acelerada, com casas sendo rapidamente erguidas, tanto nas regiões mais pobres, como nas destinadas a receber mansões. Sim, nessas invasões tem lugar para mansões.
É preciso retirar grande parte das pessoas instaladas na região. O problema é como fazer. São milhares de cidadãos que se instalaram lá porque compraram lotes baratos. Mexer com eles é acordar um vespeiro e político não gosta de brigar com o povo.
Só que não removê-los e, ainda por cima, permitir que mais gente se instale está comprometendo seriamente a qualidade da água das duas represas. Em algum momento, o sistema vai colapsar e aí parte da cidade vai ficar sem água.
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