As chuvas deveriam ter passado
As chuvas de verão já deveriam ter ido embora. O verão já se foi, o outono entrou no seu lugar, mas na prática mudou muito pouca coisa. Tem quem diga, baseado na sabedoria ancestral dos povos nhoque-nhoque, que há uma conjuração capitaneada por duas estrelas irmãs, escondidas numa nebulosa no meio de Andrômeda, com o objetivo de baixar o topete dos humanos, fazendo a Terra, sua singela casa, padecer as tormentas do inferno.
Não há almoço de graça, todo mundo sabe disso, mas tem quem tenta reinventar a roda e comer do bom e do melhor na conta do próximo. Pode ser, como pode não ser, o fato indiscutível é que as tempestades não foram embora. Ao contrário, seguem firmes e fortes, como se estivéssemos no começo do verão e não no começo do outono.
Alguém poderia dizer que há algo errado na ordem natural das coisas, mas não é por aí. A natureza sabe o que faz e por que faz. Se as chuvas seguem caindo torrencialmente é porque estamos vivendo fatores que fazem com que isso aconteça. Ou seja, a natureza segue sendo natureza, sujeita às suas regras e forças que dão o tom de cada momento.
Deveria ser outono, mas o outono ainda tem traços do verão. O mais grave, o mais destruidor é a manutenção das condições para as tempestades de verão seguirem em frente em pleno outono.
Entra tarde, sai tarde, entra noite, sai noite, o Brasil segue refém das tempestades que varrem seu território com a certeza de que são as mais fortes e que tanto faz o que o ser humano acha ou deixa de achar. Elas darão seu recado pelo tempo que quiserem e danem-se os que acham que não. O rumo está dado e vai seguir assim. Quem acha que é injusto, desculpe, mas o ser humano tem muito de culpa no “embrolio” que foi criado. Neste cenário, chora mais quem pode menos, até as chuvas partirem…
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