Rua Jandaia
Quando eu era criança, minha avó Wilma morava na Rua Jandaia. Era uma casa que orginalmente ocupou o fundo do terreno da casa de meu bisavô, na Avenida Brigadeiro Luiz Antonio, e ficava ao lado da casa de uma irmã dela, Tia Quita. Entre as duas casas tinha um portão no muro, o que permitia que eu, minhas irmãs e meus primos tivéssemos uma grande área para brincar quando íamos lá, visitar as avós. Dava para jogar futebol e muito mais.
A Rua Jandaia fica em cima do “Arco dos Italianos”, que foi redescoberto ao lado da Avenida 23 de Maio. É uma estrutura bonita, construída com tijolos, que chama a atenção de quem passa pela avenida.
Mas a Rua Jandaia vista de perto não tem o mesmo charme dos Arcos. Ao contrário, é uma subida mais ou menos íngreme, que abriga imóveis antigos, sem muita manutenção. Poderia ser diferente, mas não é. Aliás, como acontece em várias áreas da cidade que têm um potencial incrível, mas que acabam deterioradas porque São Paulo segue em frente e nunca houve uma política de preservação de áreas com forte potencial turístico, como seria a Rua Jandaia e outros pedaços do Centro Velho, onde as construções gritam, pedindo para serem restauradas e ocupadas por empreendimentos que ficariam maravilhosos instalados neles.
Nos últimos anos, tem havido um movimento de resgate de parte dessas áreas e o Centro Velho. Hoje, tem um processo espontâneo de retomada da vida, que vai redescobrindo uma parte importante da arquitetura da cidade, com edifícios maravilhosos sendo reformados e ocupados por atividades completamente diferentes da proposta original, mas que dão graça e beleza a regiões completamente decadentes.
Eu torço para este movimento seguir em frente e ocupar cada vez mais espaço, quem sabe até chegando na Rua Jandaia…
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