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Mais barulho por nada

O governo achou que iria dar uma dentro, deu um tiro no pé. O aumento do IOF para aumentar a arrecadação saiu tão errado que na mesma noite do dia em que o decreto foi baixado, a primeira macha-ré foi engatada na velocidade da Fórmula 1, porque a tolice foi de tal ordem que não tinha como manter o barco na tempestade que se formava.

Taxar os fundos internacionais equivalia a controlar o dinheiro do brasileiro e isso pegou tão mal que ninguém esperou para ver o desdobramento. Foi a coice e no grito mesmo, “volta tudo porque vai dar besteira”. Deu. E de um tamanho que até agora está doendo.

Mas à medida que a história foi sendo contada foi ficando pior. Ninguém acredita que o presidente não foi informado do que estava sendo articulado, nem do objetivo, obviamente aumentar a arrecadação, ainda que usando o remédio errado. Mas que ninguém falou com o presidente do Banco Central é cristalino, apesar do assunto ter tudo a ver com ele. Aliás, quem contou que não sabia de nada foi o próprio presidente do Banco Central, que como homem de mercado teria avisado que acabaria mal.

Daí pra frente, qual será o final disso tudo é a grande pergunta. Pode ser que quando essa crônica for ao ar já tenha sido resolvido, com o Congresso revogando o decreto e colocando ordem na bagunça que foi feita, com as regras antigas voltando a prevalecer e o governo com a mesma batata quente na mão.

O governo não quer cortar despesas, mas se não cortar despesas não fecha a conta, até porque não tem de onde descentemente arrancar mais dinheiro do país. Para piorar, cada lambança dessas enfraquece mais a posição do governo no Congresso. A coisa já está feia e sem ajuda do Supremo Tribunal Federal o governo ficará vendido toda vez que o Congresso quiser. 

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.