Cadê a Cracolândia?
A Cracolândia sumiu. Ou quase. Quem anda pelo Centro, perto do Parque D. Pedro II, ainda vê os habitantes da região original perambulando de um lado par ao outro. Mas o número diminuiu muito, não enche mais as ruas, nem atrapalha o trânsito e coloca medo em que passa pelo pedaço.
O que aconteceu com os moradores da Cracolândia? Para onde eles foram? Quem sabe, sabe, quem não sabe se pergunta. Cadê os moradores da Cracolândia?
A resposta é simples: eles tomaram o rumo e se espalharam pela cidade. Em vez de um grande aglomerado, agora são dezenas de pequenos aglomerados, quer dizer, o problema não foi resolvido, apenas se espalhou.
Faz tempo que embaixo do Minhocão a vida segue seu ritmo, com barracas, caixotes de papelão, ou simples cobertores abrigando pessoas – às vezes famílias inteiras, essas em outro ritmo, mas tão cruel quanto a vida dos moradores da antiga Cracolândia.
É bom ou é ruim? Não é bom, nem é ruim, é a vida como ela é. O problema das drogas em São Paulo não é diferente do problema das drogas em Nova Iorque ou qualquer outra grande cidade do mundo. Los Angeles que o diga. É real, é triste, agride a cidade, mas está aí e precisa ser enfrentado. A pergunta é como fazer? Se é que tem o que fazer.
Para os moradores e comerciantes da região da Cracolândia é bom, para os novos vizinhos é ruim. A questão é que com a migração para outras áreas vão também os problemas. Pessoas dormindo no chão, embaixo das marquises dos prédios, barracas, construções de papelão tomando as calçadas. Assaltos. A violência é o maior problema e ela vem junto.
O que fazer? Essa é a pergunta de dez milhões de dólares e tem gente com todas as respostas, disposta a brigar por elas em nome dos desvalidos que moram nas ruas, mas que geram bons negócios nos escritórios.
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