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Cadê a Cracolândia?

A Cracolândia sumiu. Ou quase. Quem anda pelo Centro, perto do Parque D. Pedro II, ainda vê os habitantes da região original perambulando de um lado par ao outro. Mas o número diminuiu muito, não enche mais as ruas, nem atrapalha o trânsito e coloca medo em que passa pelo pedaço.

O que aconteceu com os moradores da Cracolândia? Para onde eles foram? Quem sabe, sabe, quem não sabe se pergunta. Cadê os moradores da Cracolândia?

A resposta é simples: eles tomaram o rumo e se espalharam pela cidade. Em vez de um grande aglomerado, agora são dezenas de pequenos aglomerados, quer dizer, o problema não foi resolvido, apenas se espalhou.

Faz tempo que embaixo do Minhocão a vida segue seu ritmo, com barracas, caixotes de papelão, ou simples cobertores abrigando pessoas – às vezes famílias inteiras, essas em outro ritmo, mas tão cruel quanto a vida dos moradores da antiga Cracolândia.

É bom ou é ruim? Não é bom, nem é ruim, é a vida como ela é. O problema das drogas em São Paulo não é diferente do problema das drogas em Nova Iorque ou qualquer outra grande cidade do mundo. Los Angeles que o diga. É real, é triste, agride a cidade, mas está aí e precisa ser enfrentado. A pergunta é como fazer? Se é que tem o que fazer.

Para os moradores e comerciantes da região da Cracolândia é bom, para os novos vizinhos é ruim. A questão é que com a migração para outras áreas vão também os problemas. Pessoas dormindo no chão, embaixo das marquises dos prédios, barracas, construções de papelão tomando as calçadas. Assaltos. A violência é o maior problema e ela vem junto.

O que fazer? Essa é a pergunta de dez milhões de dólares e tem gente com todas as respostas, disposta a brigar por elas em nome dos desvalidos que moram nas ruas, mas que geram bons negócios nos escritórios.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.