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A vacinação vai mal

O Brasil já foi famoso pelas campanhas de vacinação que atingiam mais de 90% do público-alvo. O boneco Zé Gotinha, do SUS, ficou famoso, chamando o público para entrar nos postos de saúde para ser vacinado. Dia de vacinação era dia de festa. Mães zelosas levavam seus filhos pequenos no colo e os maiores iam ao seu lado, corajosos, prontos para enfrentarem as injeções e gotas mágicas que os salvam de doenças terríveis, capazes de matar e deixar sequelas sérias.

De repente, não sei muito bem por que, mas com certeza com forte impulso dado pela incompetência das autoridades, a canoa começou a fazer água. Os números começaram a cair e de 2015 em diante nunca mais se recuperaram, pelo menos nos patamares anteriores.

Para complicar o quadro veio a pandemia do coronavírus e o governo da época fez a força que pode para desmoralizar a vacina, inclusive com a participação do presidente e de seu “sargentão” intendente, promovido a ministro da saúde, dizendo aos quatro ventos que não se vacinariam.

O resultado é que depois da pandemia os níveis de vacinação se tornaram críticos. Boa parte da população entrou de cabeça na lorota de que não é preciso vacinar, ou que vacina faz mal. Agora o país passa aperto e as coisas não vão bem nos prontos socorros públicos e privados. Neste momento acontece um aumento vertiginoso das doenças respiratórias e a maioria delas tem vacina, mas não é aplicada como deveria ser.

Mas fica pior. O governo chama para vacinar e as pessoas que atendem o chamado e procuram os postos de saúde, ficam horas numa fila obscena, porque não tem funcionário para aplicá-las.

Pior ainda, tem posto de saúde sem vacina, simplesmente porque o desabastecimento entrou na rotina da saúde pública, invariavelmente pela incompetência do governo federal não dá conta do recado.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.