A água da chuva
A água da chuva deveria ser pura, incolor, inodora e insípida ou sem sabor, mas nós já sabemos faz tempo que poucas águas mantem estas características, então, haveria uma forte chance da água da chuva não preencher estes requisitos. E ela não preenche.
Parece que a questão vai além de São Pedro não aceitar as propostas de algumas bets para imprimirem nas nuvens propaganda de seus produtos, seguidas do aviso de que as pessoas devem jogar de maneira responsável, mesmo ninguém sabendo o que isso quer dizer.
Estudo da Unicamp dá conta que nossa água da chuva, a boa e velha água da chuva que inunda São Paulo desde antes da cidade existir, além dos elementos previsíveis e esperados para a água, tem na sua composição atual 14 agrotóxicos, dois dos quais substâncias proibidas no Brasil. E não há nada que indique que essa conta chegou ao fim. Que a água paulistana não vai incorporar outras substâncias que em algum momento podem fazer mal ao ser humano. Para não falar em outras formas de vida, mais sensíveis, permanentemente expostas a chuva, ao vento, ao sol e ao frio.
Como 14 agrotóxicos foram incorporados a água que cai das nuvens? É fácil, o Brasil é campeão mundial no uso destes produtos e uma parte do que deveria ser absorvido pelo solo acaba ficando na atmosfera, na forma de partículas minúsculas que são absorvidas pela água das chuvas.
Os 14 agrotóxicos não são aplicados em São Paulo, Capital. Eles vêm carregados pelas nuvens que atravessam o país num enorme rio aéreo que sai da Amazônia e chega no sul. À medida que as nuvens vão despejando suas águas, os agrotóxicos, incorporados nelas caem junto, tirando da água da chuva a característica de ser pura. A água das nuvens foi maculada pela ação humana. Dizem os especialistas que por enquanto não há risco para a saúde. Mas que no futuro haverá, é quase certo que haverá.
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