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As cerejeiras floridas

As cerejeiras da USP estão floridas. Ninguém me passou a informação em off, mas tenho comigo que é um arranjo com os ipês roxos para reforçar a florada maravilhosa dos ipês e marcar presença no movimento vegetal unido, francamente disposto a salvar o mundo das loucuras humanas e o Brasil da falta de seriedade com que tratam o país.

As cerejeiras não são a favor, nem contra, são árvores com uma missão, ou um destino, que é florir e abrir flores de uma delicadeza ímpar, capazes de comover os poeta e fazer chorar os pássaros nos seus galhos.

As cerejeiras e os ipês têm algo em comum faz tempo, desde que os primeiros imigrantes japoneses chegaram ao Brasil, mais de cem anos atrás e deram de cara com os ipês roxos floridos, que os fez lembrar das encostas de seus vulcões, onde as cerejeiras crescem e florescem para maior glória da vida.

Ao descobrirem os ipês floridos os primeiros imigrantes japoneses entraram de cabeça no seu projeto de refazer a vida como era no Japão, em outra terra completamente diferente.

Não me pergunte como as cerejeiras japonesas desembarcaram aqui. Não tenho a menor ideia. Sei que as da USP foram dadas pelo imperador, quando visitou São Paulo, ainda príncipe, muitos anos atrás.

As cerejeiras se adaptaram e criaram seu cantinho, do outro lado da avenida onde está o Instituto Japonês da USP. Ali, o espaço é delas. E como tem também alguns ipês próximos, provavelmente, a relação deles é antiga e só se fortaleceu, vendo e conversando sobre o mundo e sobre nossa terra e a falta de lógica dos seres humanos.

Cada um faz o que pode para fazer o mundo um lugar melhor. Ou quase todo mundo. Pena que o planeta esteja cada vez mais nas mãos dos que não fazem.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.