As cerejeiras floridas
As cerejeiras da USP estão floridas. Ninguém me passou a informação em off, mas tenho comigo que é um arranjo com os ipês roxos para reforçar a florada maravilhosa dos ipês e marcar presença no movimento vegetal unido, francamente disposto a salvar o mundo das loucuras humanas e o Brasil da falta de seriedade com que tratam o país.
As cerejeiras não são a favor, nem contra, são árvores com uma missão, ou um destino, que é florir e abrir flores de uma delicadeza ímpar, capazes de comover os poeta e fazer chorar os pássaros nos seus galhos.
As cerejeiras e os ipês têm algo em comum faz tempo, desde que os primeiros imigrantes japoneses chegaram ao Brasil, mais de cem anos atrás e deram de cara com os ipês roxos floridos, que os fez lembrar das encostas de seus vulcões, onde as cerejeiras crescem e florescem para maior glória da vida.
Ao descobrirem os ipês floridos os primeiros imigrantes japoneses entraram de cabeça no seu projeto de refazer a vida como era no Japão, em outra terra completamente diferente.
Não me pergunte como as cerejeiras japonesas desembarcaram aqui. Não tenho a menor ideia. Sei que as da USP foram dadas pelo imperador, quando visitou São Paulo, ainda príncipe, muitos anos atrás.
As cerejeiras se adaptaram e criaram seu cantinho, do outro lado da avenida onde está o Instituto Japonês da USP. Ali, o espaço é delas. E como tem também alguns ipês próximos, provavelmente, a relação deles é antiga e só se fortaleceu, vendo e conversando sobre o mundo e sobre nossa terra e a falta de lógica dos seres humanos.
Cada um faz o que pode para fazer o mundo um lugar melhor. Ou quase todo mundo. Pena que o planeta esteja cada vez mais nas mãos dos que não fazem.
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