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Expectativa

Este ano temos um quadro incerto num ponto da maior importância para o ano que vem ser bom para a Santa Casa de São Paulo. O grande ipê amarelo do jardim da frente do Hospital Central sofreu um acidente e parte de seu tronco quebrou. Quem olha a árvore hoje e se lembra dela no passado com certeza verá o estrago e se preocupará com seu futuro. Não que ela possa morrer, está longe disso, mas como foi afetada pelo acidente e pela perda de uma parte grande de seu caule, a florada é incerta.

Reza a lenda que os anos em que o ipê tem uma bela florada, que ele fica coberto de amarelo, os anos seguintes serão anos bons, em que as cosias correrão bem e a situação da Irmandade será menos dramática do que é normalmente.

Não, não tem drama, a situação da Santa Casa de São Paulo é regularmente dramática, faz parte do show. A razão para isso é simples:  a Santa Casa custa mais caro do que o governo paga. Aliás, essa situação não é exclusividade dela, os hospitais filantrópicos brasileiros convivem com ela faz muito tempo.

Todos os anos, quando vai chegando a época do ipê amarelo da Santa Casa florir eu começo a ficar inquieto. Quando vou lá, olho pelas janelas para ver se tem algum sinal do que vai acontecer. É ansiedade pura, eu sei que não é assim que funciona, que a florada chega e pronto, um belo dia ela explode e a gente só vê como vai ser quando já é.

Mas este ano temos um fato novo, fora da curva, inesperado. O ipê foi atingido pela fúria de uma tempestade e perdeu parte da galharia. Quebrou uma parte grande, sua copa está encolhida, há claros onde antes havia galhos e folhas.

Será que isso vai afetar a florada? Será que ela está comprometida, ou será que num esforço extraordinário o ipê vai mostrar que é mais forte?

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.