Expectativa
Este ano temos um quadro incerto num ponto da maior importância para o ano que vem ser bom para a Santa Casa de São Paulo. O grande ipê amarelo do jardim da frente do Hospital Central sofreu um acidente e parte de seu tronco quebrou. Quem olha a árvore hoje e se lembra dela no passado com certeza verá o estrago e se preocupará com seu futuro. Não que ela possa morrer, está longe disso, mas como foi afetada pelo acidente e pela perda de uma parte grande de seu caule, a florada é incerta.
Reza a lenda que os anos em que o ipê tem uma bela florada, que ele fica coberto de amarelo, os anos seguintes serão anos bons, em que as cosias correrão bem e a situação da Irmandade será menos dramática do que é normalmente.
Não, não tem drama, a situação da Santa Casa de São Paulo é regularmente dramática, faz parte do show. A razão para isso é simples: a Santa Casa custa mais caro do que o governo paga. Aliás, essa situação não é exclusividade dela, os hospitais filantrópicos brasileiros convivem com ela faz muito tempo.
Todos os anos, quando vai chegando a época do ipê amarelo da Santa Casa florir eu começo a ficar inquieto. Quando vou lá, olho pelas janelas para ver se tem algum sinal do que vai acontecer. É ansiedade pura, eu sei que não é assim que funciona, que a florada chega e pronto, um belo dia ela explode e a gente só vê como vai ser quando já é.
Mas este ano temos um fato novo, fora da curva, inesperado. O ipê foi atingido pela fúria de uma tempestade e perdeu parte da galharia. Quebrou uma parte grande, sua copa está encolhida, há claros onde antes havia galhos e folhas.
Será que isso vai afetar a florada? Será que ela está comprometida, ou será que num esforço extraordinário o ipê vai mostrar que é mais forte?
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