Diferenças absurdas
São Paulo é a maior e mais rica cidade sul-americana. São mais de 11 milhões de pessoas vivendo numa enorme área urbana que se espalha pelo planalto e avança, sem respeitar as divisas dos municípios, em todas as direções, formando um enorme aglomerado que se estende em direção do Vale do Paraíba, Campinas, Sorocaba e litoral com a sem cerimônia de quem sabe que é mais forte e que há 460 anos faz o que quer, na direção que quiser.
Durante 400 anos a cidade mal chegou a 20 mil habitantes, então resolveu crescer e cresceu, impulsionada pela chegada de centenas de milhares de imigrantes que vieram fazer a vida no Brasil. Se transformou. A pacata cidadezinha feia e sem graça deu lugar à megalópole que durante décadas foi “A cidade que mais cresce no mundo”. Com que orgulho seus habitantes repetiam isso! Até que o preço do desatino chegou e a cidade passou a conviver com problemas e realidades jamais imaginadas.
São Paulo é um universo onde a maior riqueza convive com a maior pobreza. Quem quiser ver a miséria de perto não precisa viajar para os rincões perdidos no interior do nordeste, não, ela está logo aí, a menos de 50 quilômetros da Praça da Sé, nas periferias da cidade.
O ranking dos 96 distritos da Capital mostra disparidades absurdas. Diferenças inacreditáveis, que fazem a expectativa de vida de um para outro ter variações de até 20 anos. Isso mesmo, dependendo da região em que a pessoa mora, ela vive, em média, mais de 20 anos que outra que mora em outro distrito mais pobre, normalmente na periferia da Capital.
As diferenças que levam a esta realidade brutal estão na saúde, no ensino, na segurança, no transporte e nos equipamentos urbanos que fazem certas áreas mais equipadas do que outras. O duro é que no médio prazo não é possível sonhar com alguma mudança profunda.
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