Kombi prometida
Eu estava na Marginal Pinheiros indo para o prédio do Estadão gravar meu vodcast, “No Ritmo da Vida”. Surpreendentemente, o trânsito fluía como em dia de férias de verão, eu estava a 85 km/h. Como eu sei? Porque olhei no velocímetro na hora que uma kombi me passou, viajando muito mais rápida do que eu.
Por conta de um radar, ela diminuiu e eu pude me aproximar. A kombi tinha uma inscrição na lateral e outra atrás que dizia “Kombi do…”, não escrevo o nome para manter a história no campo da crônica.
Mas o mais fantástico era o que estava escrito no vidro de trás. Em grandes letras brancas estava escrito: “A serviço do Senhor Jesus”. Até aí tudo bem, não seria nem a primeira, nem a última a carregar as forças dos céus em proveito da segurança do motorista.
Só que embaixo da frase vinham elencados vários números de telefone. Minha primeira reação foi imaginar que números seriam aqueles. Evidentemente não eram os telefones do céu.
Fascinado e evoluindo no assunto, me perguntei se aquele Senhor Jesus não seria o Senhor Jesus da Silva, que estava envolvido em serviços logísticos; e se através dos números anotados no vidro da kombi ele não receberia as encomendas que eram feitas. Não me pareceu viável qualquer outra interpretação.
Afinal, em nenhum lugar está escrito que o Pai ou o Filho tenham qualquer negócio na Terra; e, também, não consta que depois da subida aos céus Jesus tenha retornado a Terra, ou que o Pai tenha passado procuração para alguém fazer alguma coisa em seu nome.
Então chegamos na bifurcação da Castelo Branco e da Marginal Tietê. A kombi tocou para a rodovia e eu para Marginal, daí pra frente não soube mais dela, não anotei os telefones, apenas perdi seu rastro.
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