A culpa é nossa
Os congestionamentos estão passando os 1000 quilômetros. Tarde sim, outra também, as imagens das câmeras mostram a cidade parada. Não tem o que fazer, não anda e ponto final. É entregar a alma a Deus porque o corpo, este, já foi faz tempo.
Reclamar é fácil, colocar a culpa na CET também. Apesar de ser culpada de muita coisa, a CET não pode ser responsabilizada por todo o estrago dos congestionamentos. Ela nunca funcionou bem, desde o começo, sempre foi meio travada, para não dizer incompetente. Eu já cheguei a montar um livro de crônicas, mostrando a evolução da incompetência da CET ao longo do tempo, depois, fui convencido pelo Poeta Paulo Bomfim a não publicá-lo. Mas o tema não é esse.
O que eu quero falar é que grande parte do que vai acontecendo nas ruas da cidade é culpa da própria cidade, ou da forma como ela está se espalhando, ou melhor, se concentrando em várias regiões, de alguma forma mais ou menos conectadas umas com as outras.
Não tem como uma rua planejada para ter 20 casas de vila por quarteirão receber no lugar delas cinco prédios de apartamentos de 20 metros quadrados cada um, com 300 apartamentos, em 20 andares.
As ruas simplesmente não têm capacidade para dar conta do recado. São 1500 apartamentos onde antes tinham 20 casas. E isso acontece quarteirão depois de quarteirão, que fazem limite com outros quarteirões com o mesmo desenho.
Não dá para colocar ordem onde não há espaço para a ordem. Simplesmente isso, não há espaço no fundo do Butantã, ou na Rebouças, ou no Brooklin, ou no Campo Belo para receber a enxurrada de prédios novos que sobem alucinadamente, em busca do paraíso perdido, enquanto no solo não se planejou nada. E vai ficar pior, o duro é isso.
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