Os ipês amarelos
De repente, São Paulo ganhou cor, se vestiu de dourado, como as cabrochas dos sambas da década de 1940. Se enfeitou e pisou os astros distraída, porque a ventura dessa vida é a cabrocha, o luar e o violão.
São Paulo amanheceu mais rica, mais bonita, com o ouro das flores dos ipês amarelos explodindo por todos os lados, em praças, ruas e jardins, donas do pedaço, do encantamento e da poesia que tomou de assalto a cidade.
Foi coordenado. Não tenho a menor dúvida, a florada explodiu sem aviso, inesperadamente, mas concatenada, não foi um ipê aqui, outro ali, não, foram todos com pouco tempo de diferença entre um e outro.
As grandes árvores plantadas décadas atrás se cobriram com um manto denso, que fechou seus galhos, enquanto jovens ipês davam tudo para colocar no ar meia dúzia de flores, penduradas em seus galhos finos. O importante é participar. Eles sabem que no futuro serão os grandes ipês que cobrirão seus galhos com flores amarelas, mas até lá têm uma jornada a ser percorrida, passo a passo, florada a florada.
Os ipês não são ideológicos, mas a florada maravilhosa, com todas as árvores florindo ao mesmo tempo, por coincidência, ou não, serve para mostrar que o alerta está levantado; curiosamente, as flores são amarelas, a mesma cor que indica a mudança dos semáforos.
É hora de meter o pé no breque, se não for por nada para um rearranjo de rumo. Do jeito que vai, vai mal. A briga não é entre anistia e não anistia, a briga é para fazer o Brasil um lugar bom e justo para todos os brasileiros.
O povo não aguenta mais os desmandos que vão sendo praticados em nome da polarização sem sentido que não ajuda em nada a melhorar a vida do bom cidadão, escorchado em nome de tudo de ruim e errado que faz parte da nossa vida. Viva a mensagem dos ipês amarelos!
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