A fé movia montanhas
A fé movia montanhas, ou pelo menos fazia que os homens se agarrassem as raízes na beira dos caminhos para galgarem pirambeiras íngremes no rumo do planalto que abria a conquista do interior.
Quando Terebé, a outra filha de Tibiriça, se apaixonou pelo jovem jesuíta, ao ser consultado, Inácio de Loyola não hesitou: Case! o que o celibato diante da conquista de um continente? E o padre, na verdade, irmão, casou, teve filhos e quando ficou viúvo, casou de novo e teve mais filhos, de um dos quais descendia o grande poeta Paulo Bomfim.
A fé movia montanhas, arava os campos, lançava os homens em campanhas bárbaras como as cruzadas, contra tudo e contra todos, já que não lutavam apenas contra os infiéis, mas também saquearam Constantinopla e destruíram os cátaros e seus castelos no sudoeste da França.
A fé massacrou milhares de católicos e outros tantos protestantes, em guerras para provar que “o meu Deus, o mesmo que o seu, era melhor que o seu”. Ah! As fogueiras, os atos de fé, a Gran Via iluminada por dezenas de fogueiras nas noites das sextas-feiras. A inquisição e seus porões escuros onde a dor e o sofrimento eram usados para trazer os que se perdiam de volta ao caminho da luz.
Cartagena de Índias tinha um museu que mostrava os instrumentos apavorantes usados pelos inquisidores.
Hoje, as igrejas da França celebram as missas em capelas laterais, com padres estrangeiros falando para uma dúzia de fiéis. E as igrejas de Roma são atrações turísticas, onde a fé foi substituída pela pose para a fotografia postada nas redes sociais.
Nem todo mundo sabe quem foi Judas e muitos dos que sabem não têm certeza de que ele estava tão errado. A fé mudou e para pior.
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