Crente
João Carlos Nepopucemo Altair acredita porque acredita que o mundo é um lugar bom, onde as coisas correm assim ou assado porque forças cósmicas escondidas nas entranhas dos buracos negros decidem assim ou assado.
Ele não tem a menor dúvida de que na origem do destino está a vontade de E.T.’s superiores, vindos de galáxias tão distantes quanto a união das paralelas no fim do universo. E que são eles que têm o poder de dominar forças que nós não imaginamos que existem e que se materializam em dimensões paralelas, fora do alcance do engenho humano.
João Carlos Nepopucemo Altair tem como certo que os deuses não eram astronautas, que eles são criaturas finitas, travestidas de viajantes espaciais, que por obra e arte de civilizações muito mais avançadas, têm como missão supervisionar o que acontece neste planetinha sem maior relevância, girando em volta de um sol de quinta grandeza.
É a certeza da finitude dos nossos controladores que o faz entender melhor do que a média dos que pensam no problema, porque os deuses também morrem.
Duvida? Onde estão Órus, Amon, Zeus, Baal, Tupã e tantas outras divindades eternas e poderosas que simplesmente desapareceram? Estão enterrados porque eram finitas e depois de cumprirem sua missão, encontraram o repouso eterno nas capsulas cósmicas que as conservam em lendas, para sempre.
A crença em João Carlos Altair é tão forte, tão firme e tão inabalável, que ele acredita piamente na boa vontade dos homens, na remissão dos pecados, na pureza dos políticos e na certeza das decisões judiciais. Ele sabe por que sabe, porque acredita, que depois da tempestade virá a bonança e com ela um senador a cavalo que remirá todos os pecados.
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