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Tem mais carro importado que Chevette

É inédito, mas o Brasil conseguiu a façanha de ter mais carros importados do que Chevettes rodando pelas suas ruas. Seria de admirar, se o Brasil não fosse o Brasil. Mas como o Brasil é o Brasil, está tudo certo, aqui Porsche virou carro popular. Tem tanto que nem chama a atenção. Ou chama, os conversíveis mostram a irresponsabilidade do proprietário.

Só alguém irresponsável, ou muito amigo do amigo, pode dirigir um carro conversível numa cidade onde quem pode, manda blindar seu carro. Os assaltos acontecem regularmente, muitas vezes por dia, em todos os cantos da cidade. Não tem preferência, nem bônus por atuar nesta ou naquela região, todas são visadas e todas têm alto índice de ocorrências que desaconselha o uso de carros conversíveis.

É verdade, além de Porsches, temos carros das mais variadas marcas, com ênfase para Mercedes, Ferraris e Lamborghinis. O curioso é que os proprietários, ou pelo menos parte deles, se acha acima do bem e do mal e faz o que lhes passa na cabeça, como se por terem carros importados pudessem fazer o que quisessem, fora da lei, ou acima dela.

Num país como o Brasil, no qual a renda média da população não chega a 3 mil reais por mês ter um carro de mais de um milhão de reais é no mínimo falta de noção social.

É uma agressão contra a maioria da população que sai de casa de madrugada, toma ônibus e metrô lotados, perde mais de duas horas no trânsito na ida e outras tantas na volta.

Tudo bem, o dinheiro ganho honestamente pode ser usado como o dono quiser. Não sou eu que vou dar lição de moral em quem quer que seja. É seu, ganhou trabalhando ou de outra forma legal, bom proveito, faça o que e como quiser. Mas pense nisso: mais de 30 milhões de brasileiros estão na zona de insegurança alimentar.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.