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Onde é que deu errado?

Se o escândalo do INSS tem uma virtude, é mostrar que não há diferença entre governo e oposição, quando o tema é bandalheira. As apurações vão em marcha lenta porque não interessa a nenhum dos lados investigar a fundo que aconteceu. Enquanto isso, o governo, em vez de ir atrás da grana tungada, paga do próprio bolso, quer dizer, com o nosso dinheiro, o que foi furtado dos aposentados.

É completamente sem sentido? É, mas faz tempo que o Brasil não tem muito sentido. As coisas correm soltas e fica o dito pelo não dito, quando o envolvido é mero conhecido de alguém poderoso.

As coisas estão feias e devem ficar piores. Não tem o que fazer, quando a corrupção atinge os patamares em que está é porque a coisa está muito ruim.

Quando um agente público de terceiro escalão consegue movimentar 11 bilhões de reais, como parece que aconteceu em São Paulo, está tudo errado. E fica mais errado quando se descobre que quem pagou foram empresas tidas como sérias, líderes em seus segmentos.

Elas não pagaram apenas porque quiseram e por isso inventaram um sistema de corrupção que lhes deu vantagens indiscutíveis diante da concorrência, além de uma bela sonegação diante do Estado.

Entre secos e molhados, está tudo errado. E faz tempo que vem assim. Foi Mensalão, Petrolão, Lava Jato e dezenas de outros escândalos menores, que não chamaram tanto a atenção, mas que deram conta de bilhões de reais, desaparecidos em nome do bolso dos amigos do rei.

A pergunta que não quer calar é onde foi que erramos? O Brasil não é diferente do resto do mundo, corrupção existe em toda a parte. O problema é a ordem de grandeza que nós atingimos. Nunca tantos roubaram tanto de tantos, sem ninguém ser responsável pela conta.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.