Mais um ciclo se completa
As amoras estão indo embora. As amoreiras deram uma carga pesada, carregada e gostosa, mas seu tempo acabou. Estão dando lugar para as jabuticabas, que coladas aos troncos e galhos chegam para seu grande momento, tradicionalmente, a época certa das frutas amadurecerem.
Sim, porque as jabuticabeiras atualmente dão frutos mais de uma vez por ano. Algumas chegam a 3 cargas ao longo de 12 meses, mas de qualquer forma, o grande momento, a grande carga, é agora. Elas sabem disso, e espremidas entre as amoreiras e as pitangueiras que virão em seguida, capricham, não podem, nem querem perder o grande momento.
Mais um ano se passou. Todos os dias um ano passa. Em relação ao mesmo dia do ano passado, são 365 dias e algumas horas, que a cada 4 anos se transforma em mais um dia. É o ser humano mexendo com coisas muito maiores do que ele. Que o digam as constelações do zodíaco que não estão mais no mesmo céu visto pelos babilônios, 4 mil anos atrás.
As jabuticabeiras são ciosas de sua importância. Sabem que são únicas, que não só existem apenas aqui, como, ainda por cima, só são encontradas em poucos estados da federação.
Além disso, as amoreiras não são autóctones. Vieram de fora, então não contam para apuração final da quantidade de frutas de cada árvore brasileira. É complicado, mas a apuração tem que ser feita e as jabuticabeiras sabem que no quesito fruto por pé, levam uma grande vantagem que compensa serem menos numerosas que as laranjeiras.
Entre secos e molhados, ganham as aves e ganhamos nós, para não falar nas abelhas que não se vexam de sugar o néctar.
Ainda bem que os ciclos das frutas se sucedem mais ou menos na ordem natural. O ciclo das tempestades perdeu a ordem e a pontualidade.
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