A solidariedade está aí
Eu gosto de livros, gosto de ler, gosto de sentir a consistência do papel, o peso, e quando eu tinha olfato, o cheiro do livro.
Livro tem cheiro, mas desde a Covid19 eu perdi o olfato, então um dos meus prazeres está anulado. Não sinto mais o cheiro especial de um livro. Tudo bem, os outros prazeres compensam a falta de olfato.
Como escreveu meu amigo Roberto Duailibi, quando estou lendo estou trabalhando. É um trabalho que dá um enorme prazer, mas é um trabalho.
Por conta desse amor, no dia 30 de novembro fui a Festa do Livro da USP. O enorme galpão lotado de livros sobre todos os assuntos era um convite irrecusável. Mas não andei muito, de saída dei com meia dúzia de volumes que eu não tive como recusar. Comprei. Livros preciosos e pesados, 14 quilos de livros.
A vendedora simpaticamente os colocou numa caixa de papelão e lá fui eu, rumo da minha casa, debaixo de um sol de lascar. Quem já passou por uma experiência parecida sabe que o cansaço bate em pouco tempo. A falta de jeito para carregar a caixa complica ainda mais as coisas.
Foi aí que eu descobri que a solidariedade segue viva e mais perto do que a gente imagina. Depois de mais um trecho, estava descansando com a caixa de livros apoiada numa raiz de tipuana, quando um casal, ela a pé e ele de bicicleta, passou por mim, parou e perguntou se eu precisava ajuda. A Amanda e o Danilo me propuseram levar a caixa de livros na bicicleta, até o portão de entrada da USP. Insistiram e eu topei.
Do portão em diante seria outra caminhada puxada, mas entrei na loja de móveis que tem na esquina da Rua Alvarenga e negociei com o Messias ele levar os livros até minha casa. Sem as duas ajudas a empreitada teria sido pesada. Valeu a solidariedade, obrigado, Amanda, Danilo e Messias.
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