Assalto à Biblioteca Mário De Andrade
As cenas do assalto à Biblioteca Mário de Andrade são no mínimo de filme de pastelão da época do cinema mudo. Os dois assaltantes andando pela rua carregando um saco plástico com as gravuras furtadas é inacreditável e mostra como é fácil se esconder no meio da multidão.
Mas mais absurdo ainda é a forma como o assalto aconteceu. As câmeras do Smart Sampa mostram os bandidos chegando, um depois do outro, dando uma paradinha, entrando no prédio e em seguida saindo com as 13 gravuras roubadas, sem ninguém correr atrás, sem ninguém pedir socorro.
Eles caminham sem serem molestados ou identificados, como se estivessem carregando uma encomenda de Natal, para colocá-la dentro de uma van e tranquilamente irem embora.
Levaram 13 gravuras de Matisse e Portinari que estavam expostas na Biblioteca Mário de Andrade. E fizeram isso no último dia da exposição, o que mostra planejamento, já que no último dia as exposições costumam ter menos público.
A pergunta que fica é qual a qualidade da segurança que estava protegendo o local e as obras de arte? Além disso, quais as providências que foram tomadas para dificultar a retirada das obras do local?
O dado bom é que as obras estavam seguradas, e isto, se elas não forem recuperadas, pelo menos minimiza o prejuízo, o que nem sempre acontece em eventos desta natureza.
A lição do assalto pode ser lida em três capítulos. O primeiro é que é muito fácil praticar um assalto como esse na cidade de São Paulo. O segundo é que o Smart Sampa funciona. Foi o sistema de câmeras da prefeitura que identificou os ladrões. E o terceiro é que precisamos mais profissionalismo dos agentes privados que protegem os museus.
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