Enquanto isso, o pantanal queima
A tragédia do Rio Grande do Sul está só no começo. A destruição causada pelas águas das tempestades que se abateram sobre a maioria dos municípios do estado é só a ponta de um iceberg muito maior.
O que aconteceu até agora é só a base para um cenário de longo prazo triste e complicado. Com o risco de, ainda por cima, no meio do caminho, a tragédia se repetir, com mais água inundando o estado dentro de poucos meses. Não vamos nos esquecer: esta inundação foi a mais forte, mas, além disso, foi a terceira de setembro de 2023 para cá.
O problema é que, até agora, de acordo com gente que está lá, lutando pela reconstrução do Rio Grande do Sul, o Governo Federal falou muito e fez muito pouco, além de oferecer empréstimos com juros de mercado e dar alguma esmola para inglês ver. A pergunta que fica é o que vai acontecer daqui a três meses, quando o assunto sair das primeiras páginas e das telas das televisões. Se os exemplos do passado servem para balizar o futuro, não vai acontecer nada. Vai ficar o dito pelo não dito. E o estado precisa de bilhões e bilhões de reais para se reerguer.
Mas, enquanto o Rio Grande Sul é palco de um drama fora da curva, na longa rota de dramas que cobram um preço absurdo da população brasileira, um outro drama do mesmo tamanho destrói outra região do país.
O Pantanal está queimando numa velocidade que tem tudo para deixar a queimada de 2020 para trás. Este é o junho com mais queimadas da história. E o tempo seco está só começando. Nos próximos meses, a situação deve se agravar, até porque ninguém espera chuvas nesta época do ano.
Teria como evitar as queimadas? Todas, com certeza não. Mas se o Governo Federal se mostrasse minimamente interessado no assunto, teria tomado providências que reduziriam muito a força das chamas.
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