Tá esquisito

Os tempos estão estranhos. Não me pergunte por que, mas os tempos estão estranhos. Tem um clima denso pairando no ar. As nuvens do outono estão pesadas, o ar está pesado, as pessoas estão irritadas, as coisas estão caminhando de lado e as noites frias estão servindo de travesseiro para sonhos mal dormidos, preocupações, falta de alguma coisa que ninguém sabe o que é, mas que deveria estar e não está.

Sair de casa e enfrentar uma hora de trânsito para não ir a lugar nenhum não é solução, nem rima; é obrigação chata, que não pode ser adiada, mas que não dá prazer. Não dá.

É geral. Tem quem diga que não, mas a falta de paciência é a marca registrada; o “made in” gravado na testa de todo mundo; a “blusinha” que vai pagar imposto, o radar que multa, a cerveja quente…

A falta de paciência só perde para a falta de educação. Para o “você que se dane, quem vai se dar bem sou eu”.

Não tem boa vontade, não tem ‘pode passar”, não tem “espera um minuto”. “Não espero, mesmo que eu pare logo na sua frente. Na minha frente você não entra e ponto final”.

Sem cooperação só pode piorar… E piora, porque a lógica é essa. Insistir no erro não faz, depois da terceira, ele dar certo. Segue errando, mesmo sabendo que vai errar.

Quero uma casa no campo para esquecer e ser esquecido. Quero ficar atrás da cortina, escondido do sol e da lua. Sem saber das estrelas, nem das cachoeiras que caem no fundo da mata.

Se antes era o tédio, agora é o tédio e amanhã será o tédio, como depois e depois… até que aconteça mais uma tragédia para ser elevada a enésima potência e fazer o dia parecer mais comprido, mas não mais leve. Quem pode, pode; quem não pode já não se sacode.  

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