9 de julho de 1932
[Crônica de 9 de julho de 2001]
No longo rol das datas importantes e feriados que fazem parte da vida dos brasileiros, poucas mexem comigo como o 9 de julho de 1932. Primeiro grito de revolta do Brasil moderno, abafado pelo peso do anacronismo, sua história foi profundamente distorcida, primeiro como propaganda de guerra e depois porque não interessava nem a direita, nem a esquerda que a verdade fosse conhecida.
Em 1932 São Paulo já era o estado mais rico e desenvolvido da nação, com seu parque industrial em franca expansão e uma classe média sólida, formada por operários e técnicos especializados, grande parte composta pelos imigrantes e seus descendentes.
A revolução de 30, em 32, já aparecia sem máscara e Getúlio Vargas, levado ao poder em nome da modernização do país, surgia como um ditador, pouco interessado em devolver o Brasil ao estado democrático.
Para piorar o quadro, São Paulo, desde a vitória da revolução, que só aconteceu, como aconteceu, por causa do apoio paulista, era tratado como território ocupado, como se todas as culpas da república velha fossem culpas paulistas, e não da estrutura social brasileira, até hoje, em pleno século 21, corroída pelos mesmos vícios.
E padece porque o povo paulista perdeu 32. De verdade, quem perdeu foi o Brasil. O grito saído da garganta de Piratininga foi o grito de quem queria um mundo melhor e mais justo para si e seus filhos. De quem trabalhava duro, atrás de sonhos possíveis de serem realizados e que exigia respeito e dignidade, inclusive dos poderosos.
Por estes sonhos centenas de paulistas morreram no campo de batalha. Por ele, outros foram exilados. Mas por, na época, não haver encontrado eco no resto do país, quem ainda paga a conta é o Brasil, atrelado aos coronéis e caciques que nos condenam a ser parte do terceiro mundo.
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