As capivaras
São Paulo foi tomado de assalto pelas capivaras. O movimento é antigo e foi cuidadosamente pensado para chegar aonde está. O que os líderes não esperavam era um sucesso tão grande. Mas foi isso que aconteceu.
A migração começou na década de 1990. De repente, apareceu uma capivara aqui, duas ali, mais três na margem do Rio Tietê, depois no Pinheiros e assim, sem chamar a atenção, as capivaras foram se infiltrando em São Paulo e se multiplicando exponencialmente, o que é normal para elas, que são, de verdade, ratos crescidos.
A capacidade reprodutiva do animal é espantosa. Um casa de capivaras vira uma família, depois uma turba em pouco tempo. E não era um casa, eram vários. O resultado está aí, plasmado na serenidade de expressão das capivaras pastando sossegadas no gramado da Raia de Remo da Cidade Universitária.
Sem fazerem nada para isso, as capivaras foram adotadas por parte da população, que não sabe que os simpáticos bichões são transmissores da febre maculosa, invariavelmente fatal para o ser humano.
Se transformaram em pets, animais selvagens de estimação à distância. Não é recomendável uma aproximação maior. As capivaras não são animais domesticados e seus dentes são grandes poderosos e causam danos sérios se elas conseguirem cravar a mordida.
Como as capivaras praticamente não têm predadores, pelo menos em quantidade suficiente para controlar o número de animais em cada zona da cidade, elas vão se multiplicando sem controle nenhum e se espalhando pela Grande São Paulo com a sem cerimônia de quem sabe que está protegido e por isso não tem medo de bandido ou da polícia. O resultado é o que se vê: a cada dia que passa, São Paulo tem mais capivaras.
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