Os manacás corajosos

Em época de florada de ipê, a não ser que você seja azaleia, é temerário colocar o focinho fora da toca. Os ipês são impiedosos. Jogam as cores e a densidade de sua florada em cima dos adversários – e, pra eles, adversários são todas as outras plantas que não sejam ipês.

Quer dizer, tem um ou outro maluco desgarrado no pedaço, mas não é a regra. A exceção são as azaleias, que estão se preparando para entrarem em cena e por isso já tem uma ou outra antecipando a florada que acontece em poucas semanas.

A florada das azaleias bate de frente com a florada dos ipês, ainda que eles sendo quatro tipos diferentes e elas sejam apenas as azaleias, variando do branco ao vermelho, mas uma planta só.

Os ipês navegam do roxo ao rosa, passando pelo branco e o amarelo, o que encomprida seu tempo e faz com que sigam em frente, depois dos rivais terem saído de cena.

Mas as azaleias não se dão por vencidas. Fazem sua parte com competência e isso dá a elas a certeza do dever cumprido e o sono dos justos, depois de a florada passar.

O incrível é ver meia dúzia de manacás, cada um num canto, se jogarem com tudo numa briga que eles não podem ganhar, pela simples razão de serem poucos.

Não que a florada dos manacás não seja deslumbrante e não se iguale à dos ipês e das azaleias. Isso não está em discussão. A florada dos manacás é maravilhosa e impõe respeito, mas o que meia dúzia de árvores corajosas pode fazer frente a milhares de outras, dispostas a levar a briga até as últimas consequências?

Pois é, os manacás são como a cavalaria polonesa se atirando contra os tanques alemães, O importante não é vencer, é fazer a sua parte.

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