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Propaganda de cigarro

[Crônica de 16 de abril de 2003]

O mundo gira e a “Lusitana” roda. Quando eu era menino, as mudanças eram feitas com a “Lusitana”. Depois que eu cresci, nem todas as mudanças continuam sendo feitas com a “Lusitana”.

Assim também, nunca mais ouvi falar da “Maçanzinha”, o refrigerante que eu tomava em Pedreira e Amparo, quando ia para a fazenda de meu avô Orlando.

E cadê a “Crush” que eu bebia comendo sanduíche de queijo com mortadela, no bar do Ditinho Cruz, na rua principal de Louveira?

Era um outro tempo, em que dava para se cruzar a rodovia Anhanguera a cavalo. Os telefones das fazendas eram de manivela e levava mais tempo para se completar uma ligação para o Guarujá do que pegar um carro e ir até lá.

Nessa época as marcas de cigarro eram outras e o bacana era fumar. Quase todo mundo fumava, homem, mulher e, principalmente, os adolescentes. Era legal, dava status e prestígio e fazia a gente parecer mais velho, capaz até de entrar em filme proibido para 18 anos.

Durante um tempo também foi moda se colecionar maço de cigarro vazio. E os nomes eram fantásticos: Petit Londrinos, com e sem cortiça, Macedônia, Mistura Fina, Continental, a preferência nacional, Luiz 15, Lincoln, que era mentolado, e o grande Hollywood, que na época era sem filtro e minha tia Vera fumava quase que sem parar.

Hoje cigarro é politicamente incorreto, mas os governos do mundo inteiro acham ótimo as pessoas fumarem, porque os cigarros pagam impostos altos, apesar de matarem lentamente quem fuma e, por isso, custarem caro para a saúde pública.
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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.