O Centenário Onze de Agosto

[Crônica de 20 de agosto de 2003]

Ao contrário do que quem não conhece pode pensar, tudo que aconteceu durante as comemorações do centenário do Centro Acadêmico Onze de Agosto não poderia ser mais São Francisco do que foi.

Começando pela galinha preta jogada na prefeita, passando pelas lamentáveis declarações do ministro da Justiça e acabando nas justificativas de um aluno da faculdade representando o centro, tudo aconteceu absolutamente dentro de espírito que há mais de 170 anos é a marca registrada de uma das duas primeiras escolas de direito do Brasil.

Qualquer ex-aluno, de qualquer época da faculdade do Largo de São Francisco, desde a primeira metade do século 19, pode contar coisas do mesmo gênero, acontecidas quando estudava lá.

A faculdade teve e tem papel importante na vida cívica e na formação da cidadania nacional? Sem dúvida nenhuma, teve e ainda tem. Mas, ao mesmo tempo, ela sempre foi um ninho de boêmios, de artistas, de anarquistas… de estudantes, com tudo de saudável que ser estudante e jovem traz consigo e com tudo de terrível – para quem não é estudante – que decorre da proximidade com a espécie.

Desde o princípio, os moradores da cidade e os alunos da faculdade sempre viveram implicando uns com os outros. E os chamados baderneiros do século 19, foram seguidos pelos baderneiros do século 20, que passaram a bandeira para os baderneiros do século 21, que começam muito bem e com meu mais integral apoio, pelo resultado maravilhoso do dia do centenário do Onze de Agosto.

Uma galinha preta virar sinônimo de veado jogado contra homem falando e servindo para deixar de fora a vida pessoal da prefeita é uma ode a Júlio Frank e ao verdadeiro espírito do largo de São Francisco.
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