O centro velho de noite
O Centro Velho de noite assusta, dá medo, faz as pessoas pensarem duas vezes, até para atravessar uma simples rua e chegar no estacionamento atrás da Faculdade de Direito.
Eu sei por que fui lá. Fui à Faculdade de Direito do Largo de São Francisco participar de uma homenagem ao grande artista Tom Zé, um dos ícones da música brasileira, personagem maior da cena cultural desde o movimento da Tropicália, na década de 1960.
Tom Zé foi homenageado pela Academia de Letras da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco pelo conjunto da obra. Recebeu o título de acadêmico honorário e o troco foi um show rápido, no Salão Nobre da Faculdade. Show maravilhoso, onde ele deu uma aula de vida, mostrou toda sua simpatia, inteligência e ironia e tocou alguns de seus maiores sucessos.
Viva Tom Zé, o grande baiano Tom Zé, figura maior da arte paulistana e acadêmico da Academia Paulista de Letras!
Mas esta crônica não é para falar só do Tom Zé. Ela tem foco também na tristeza do Centro Velho de noite; no abandono, nas pessoas dormindo enroladas em cobertores, debaixo das marquises dos prédios; nas pessoas zanzando pelas ruas, boa parte completamente dopada, expondo o lado feio do mundo.
Será que o Centro Velho tem solução? O Governo do Estado diz que vai mudar sua sede para lá e que, com a administração próxima, a tendência é melhorar o quadro. Pode ser que sim, pode ser que não. A Prefeitura está lá, num dos prédios icônicos do Centro Velho, e até agora não mudou.
Eu sei que esses processos são lentos e que tem muito interesse envolvido. Mas aos poucos o processo avança e a luz no fim do túnel não é mais a locomotiva que vai te atropelar. Vamos em frente que atrás vem gente. Hoje tá feio e perigoso, mas amanhã será outro dia.
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