Praça Guilherme Kawall
[Crônica de 8 de julho de 2004]
A praça Guilherme Kawall fica entre os shoppings Eldorado e Iguatemi. É um espaço de um quarteirão, extremamente simpático e, o que é raro em São Paulo, surpreendentemente bem tratado.
Praça de bairro rico, contrasta com boa parte das outras regiões da cidade, que não têm nem o verde, nem o cuidado que a praça Guilherme Kawall orgulhosamente ostenta.
Mas o que me chama a atenção todas as vezes que passo por ela não é o todo, mas um detalhe que faz dessa praça um lugar especial numa cidade como São Paulo.
A praça Guilherme Kawall tem uma das figueiras mais bonitas da cidade. É uma árvore impressionante, começando pelo tronco a acabando nas folhas nas pontas dos galhos longos que sombreiam uma grande área abrangida pelo diâmetro da árvore.
Qualquer tipo de figueira é bonito. E mesmo a figueira da praça não sendo um figo benjamim, é uma árvore maravilhosa, que se destacaria em qualquer comparação com qualquer outra árvore da cidade.
Ela é imponente e como todo ser que sabe do seu tamanho e da sua força, é humilde em sua postura amigável, no canto da praça, como que não querendo concorrer com as outras plantas muito menores e que não chama nem vagamente a nossa atenção.
A figueira, com sua postura calma, vendo a vida passar correndo nos automóveis ensandecidos que cruzam sua sombra é o contraponto para a loucura do mundo. O ponto de interrogação que cria a dúvida para derrubar nossas certezas mais inabaláveis, nossas crenças mais firmes. Afinal, para que nós estamos correndo desde jeito, se de todo modo, um dia a corrida acaba e nós não levamos nada?
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