Os grandes pequenos homens fortes
Nos dias de hoje, boa parte da humanidade não tem noção de quem foi Savonarola ou Torquemada, mas os mais velhos, que tiveram colégio para valer, estes sabem que os dois nomes lembram o que o mundo teve de mais tenebroso, de mais abjeto, torpe e mesquinho.
Os dois padres da Igreja Católica, um em Florença, outro na Espanha, foram os dois maiores inquisidores, os grandes líderes executores das barbaridades praticadas pelas inquisições italiana e espanhola.
Homens poderosos, temidos, arrogantes, cheios de si. Como constataram na pele, não passavam de balões cheios de ar, que, num determinado momento, explodiram, pondo fim a duas das carreiras mais baixas e mais sujas, entre as milhares de carreiras baixas, incluídas as nazistas e comunistas, que povoam a história.
Em seu tempo, Savonarola e Torquemada foram temidos, adulados, mandavam e desmandavam, mas o dia da onça beber água chegou para eles e o final de suas carreiras foi no mínimo lamentável e altamente educativo.
O pequeno poder inebria, entontece, faz as pessoas se sentirem acima do bem e do mal, semideuses donos da verdade revelada pelo Pai, em dia de forte tempestade. Mas o Pai, que tudo assiste, cobra de seus filhos os maus feitos. Que o diga Moisés, que não entrou na Terra Santa.
O mundo hoje está cheio de gente que se acha poderosa, mas que, de verdade, está longe disso, e que se aproveita de uma situação momentânea para fazer e desfazer.
O duro para eles é que, depois da queda, além de normalmente acabarem mal, ainda por cima, em pouco tempo, são completamente esquecidos e, quando não o são, seus nomes, como Savonarola e Torquemada, são lembrados com exemplos do que tem de pior no mundo.
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