Mar Sem Fim

[Crônica de 9 de outubro de 2007]

Durante muito tempo, todas as tardes de domingo tiveram um ritual mágico, de encontro meu com meu país. Era nas tardes de domingo que a TV Cultura levava ao ar o programa Mar Sem Fim, pensado e produzido pelo jornalista João Lara Mesquita e sua pequena, mas eficiente equipe.

Saindo do Amapá, durante dois anos o veleiro Mar Sem Fim que dava nome ao programa navegou pelo litoral brasileiro, até chegar no extremo sul do Rio Grande do Sul.

O país que apareceu na televisão era um ilustre desconhecido. Deslumbrante, contraditório, preservado, degradado, rico de gente e de cultura, o Brasil do litoral de 8 mil quilômetros é muito mais que pedaços de Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia.

Ele também é a área turística destes estados, mas se estende por outros pedaços que pouca gente viu e, com certeza, menos ainda viram o todo, como foi feito pelo João Lara, pela Paulina Chamorro e pelo resto da equipe.

O país mostrado nas tardes de domingo tinha uma história que completava as imagens deslumbrantes, dando um porque para cada pedaço da costa ser de um jeito, povoada de uma certa maneira, diversa de outra, tão bela quanto a primeira.

Hoje de noite João Lara lançará os livros sobre a viagem do Mar Sem Fim. Como ele é fotógrafo de primeira grandeza, quem viu as imagens da televisão pode imaginar o que são os dois livros.

Texto e imagem de qualidade, juntos, para perpetuar dentro de nossas casas um Brasil maravilhoso e esquecido, em que a gente não pensa, exceto quando vai para uma pousada mais ou menos exótica, numa região ainda pouco povoada. Vale a pena conferir.
___