O momento das sibipirunas
O amarelo das flores das sibipirunas não tem nada a ver com o amarelo adotado por gente que diz que a terra é plana e as vacinas matam. Também não tem nada a ver com a seleção brasileira e seus seguidos vexames. Tem menos ainda com o amarelo piscante dos semáforos embandeirados pela incompetência da CET.
O amarelo das sibipirunas é anterior ao ser humano ou é tão antigo quanto ele, de forma que, quando descemos das árvores, quem sabe até de uma sibipiruna, e pegamos um pedaço de pau para quebrar a cabeça do vizinho, a florada das sibipirunas não enfeitava as cidades. Não tinha cidades. Morávamos em cavernas ou tocas ou, quem sabe, uma ou outra cabana malfeita. O em volta era de terra, lama, sujeira e dejetos de todos os tipos, jogados como acontece hoje, nos rios poluídos ao redor do planeta.
Então, não imagine que as sibipirunas estão fazendo campanha a favor ou contra quem quer que seja. O negócio delas é outro. Não se misturam com o ser humano, apesar de terem medo do que ele pode fazer com uma motosserra na mão.
É curioso, mas a florada das sibipirunas não costuma chamar a atenção. É uma florada forte, rica, poderosa, toma conta da copa das árvores, mas, sei lá se por acontecer na época da florada dos ipês, ela não chama atenção.
Um amigo diz que a assessoria de imprensa dos ipês é poderosa e competente e que ela só admite espaço na imprensa para as azaleias e por isso as outras plantas ficam de fora, inclusive as sibipirunas.
Como as sibipirunas são árvores grandes, elas se impõem na cidade e nem os ipês conseguem enfrentá-las. O máximo que alcançam é não darem espaço para a florada delas. É pena porque seria mais uma florada chamando a atenção para a importância de se expandir o verde.
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