O guapuruvu da ponte
A Ponte da Cidade Universitária é famosa pelas árvores plantadas no seu entorno. Tem ipês lindos, paineiras mais bonitas ainda e um guapuruvu de fechar o comércio. Em sei que o termo é antigo, mas é uma homenagem a meu pai, que me ensinou a gostar das árvores e prestar atenção nelas.
Os primeiros guapuruvus que eu me lembro estavam plantados na estrada da entrada da fazenda de Louveira, em renques dos dois lados. E o maior estava no gramadão em frente da sede. As varetas que caem dos guapuruvus são ótimas como chicotes para os passeios a cavalo. E, movidas com rapidez, zunem como floretes de esgrima, tudo o que crianças precisam para montarem seus cenários.
Mas voltando ao guapuruvu da Ponte da Cidade Universitária, ele está plantado depois da ponte, do lado de quem vai para a USP. E este ano está esplendorosamente florido. Esplendorosamente… outro termo antigo, que lembra título de filme italiano da década de 1970.
Tanto faz. O fato real, indiscutível e maravilhoso é a florada da árvore. Alta, com os galhos lá em cima cobertos de flores amarelas, contrastando com o verde das folhas. Criando como que uma abóboda abarcada pelos galhos floridos se estendendo para o alto e para os lados, como se quisesse ir além de sua circunferência para deixar uma área maior enfeitada e mais bonita, porque o sentido de ser da florada dos guapuruvus é deixar a cidade mais bonita, num desafio claro à florada dos ipês.
Dizem as lendas e as histórias antigas que os indígenas e os caiçaras do litoral paulista usavam enormes troncos de guapuruvu para cavar suas canoas de voga no tronco aberto a fogo.
Gosto de imaginar que o guapuruvu da Ponte da Cidade Universitária teria como destino, depois de encorpar mais, se transformar numa canoa e cruzar o canal de Ilhabela numa noite de lua, seguido por um tintureira.
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