Água na lua
[Crônica de 6 de novembro de 2009]
É verdade, encontraram água na lua. Depois de séculos de certeza de que o satélite era seco, na semana passada três experiências comprovaram que existe água na superfície da lua.
Nada de oceanos ou lagos enormes. Nem rios, ou, ao menos, pequenos córregos. Mas gotas. Gotas pequenas, que se evaporam durante o dia e se consolidam com a chegada da noite.
Ao que parece água proveniente das tempestades cósmicas que varrem a lua com as rajadas de seu vento.
Gotas mágicas. Mínimas, mas vivas, crescendo e encolhendo, ao ritmo do dia.
Gotas de esperança. De confirmação de antigas certezas não comprovadas. De possibilidade de vida em outros cantos do universo.
Quem somos nós para sermos os únicos! A soberba é pecado e água na lua é a redenção para nos fazer menores, para nos dar a humildade indispensável para entender os grandes mistérios do mundo.
A água na lua é como meu amor por você. Como minha vontade de estar permanentemente junto a você, ao seu lado, crescendo e encolhendo no ritmo da vida.
Cada gota de meu sangue, cada brilho de suor é teu. É teu integralmente, sem concessão de nenhuma espécie, sem dúvidas ou hesitações.
Sou o vento que varre teu corpo, a tempestade cósmica que carrega a possibilidade da vida. O encontro dos átomos na imensidão da galáxia.
Sou o que tenho que ser. Atavicamente. Marcado na superfície branca do satélite feito uma tatuagem com símbolos xamânicos, codificados na linguagem quente dos corpos dando vida às almas.
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