Praça Wendell Wilkie
[Crônica de 1 de novembro de 2005]
Praça Uendel Uilque ou praça Vendel Vilquie? O nome é difícil, como eram as encostas da praça, antes de construírem as escadas que sobem a pirambeira, ligando o alto do morro ao largo do postinho do Pacaembu, justamente a praça Wendell Wilkie.
Desde quando eu era menino, nos anos 60, ela já se chamava assim. E é sem vergonha nenhuma que eu assumo a falha de não saber quem foi esse cidadão, mas gosto de imaginar que tenha sido amigo de Charles Miller, o introdutor do futebol em São Paulo, que dá seu nome a outra praça, um pouco adiante, bem em frente do Estádio do Pacaembu.
A praça Charles Miller é muito maior e tem uma feira onde se come um dos bons pastéis de queijo da cidade. Mas a praça Wendell Wilkie é mais bonita, mais verde, concentrando plantas de todos os tipos em suas três partes distintas. A encosta do morro, o trecho em frente ao posto de gasolina, e o outro lado da rua, na esquina da rua Teodoro Ramos, onde impera uma árvore linda, com seu tronco todo coberto de galhos e raízes que saem do alto e com suas folhas largas dando sombra para a grande área coberta pela árvore.
Quando eu era menino e o pedaço tinha pouco trânsito e as escadarias ainda não haviam sido feitas, nós escorregávamos encosta abaixo deslizando na grama que cobria o morro em caixas de papelão que se transformavam em trenós.
Hoje, isso é impossível. Não tem como, por causa do trânsito, por causa das escadas, mas principalmente porque o mundo mudou e os meninos de hoje não podem mais ter a liberdade que os meninos de ontem tinham. Os meninos de hoje não saberão nunca como é a sensação de liberdade do vento batendo na cara, despencando morro abaixo.
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