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Vai chover muito

Ninguém tem dúvida, vai chover muito ao longo deste verão. Aliás, já está chovendo antes de começar o verão. E vai chover muito mais, e muito mais forte. É esperar para ver.

Mas é melhor não ficar sentado, sem fazer nada. As chuvas estão se tornando mais fortes e mais frequentes. Não é mais uma questão de mudança climática, é emergência climática. As mudanças já aconteceram e não tem mais nada a ser feito. Nesse campo, a vaca foi pro brejo e vai ser difícil retirá-la de lá. Está mais fundo e mais encharcado. Na mão não vai, só trazendo trator.

As tempestades de verão têm o bom hábito de caírem sobre o Brasil todos os anos, desde antes do Brasil ser o Brasil. Na época colonial, era proibido construir nas várzeas porque elas inundavam e os moradores de São Paulo achavam que as doenças que se espalhavam pelo planalto eram consequência das enchentes. Em parte, eram mesmo. Afinal, quem transmitia algumas delas eram os mosquitos que proliferavam nas várzeas e agradeciam as cheias.

Um belo dia, alguém descobriu que vender as várzeas para os imigrantes que chegavam na cidade poderia ser um bom negócio e as várzeas foram ocupadas, primeiro com casas populares, depois pelos bairros ricos. O resultado só poderia ser o que temos hoje. São Paulo inunda em várias áreas porque elas são mais baixas que a calha dos rios.

As chuvas já deram uma primeira passada para mostrar o que vem pela frente. E o quadro não é bonito, ou melhor, bonito ele é. As tempestades são impressionantes. Só que ele não é amigo dos moradores. Teremos danos de todos os tipos: casas alagadas, casas desmoronando, telhados arrancados, carros submersos, árvores caindo e falta de energia. Esta poderia ser menor, mas a concessionária não fez nada para isso.   

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.