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Uma comparação

Até a chegada das urnas eletrônicas, votar era um processo complexo, que exigia uma logística intrincada, com mesas, mesários, locais de votação e apuração, transporte das urnas, listas e mais uma pá de medidas, que fazia o processo ser lento, gerava longas filas nas seções eleitorais, se estendia pelo dia todo e depois era preciso aguardar alguns dias para se ter o resultado, passível de interferências que poderiam alterá-lo. 

Todas as seções tinham dezenas de fiscais dos partidos, firmemente convencidos da importância de sua missão, na atitude firme  para a eleição correr bem e seu partido não ser tungado.

As eleições eram obrigações que se transformavam em verdadeiros transtornos, que podiam comer metade do seu dia, dependendo de onde você votasse. E mesmo onde votar era rápido, comparado com os dias de hoje, era uma novela, que começava com o lugar para estacionar o carro e seguia firme e indiferente ao longo de toda a jornada.

Então chegaram as urnas eletrônicas. Que diferença! Hoje, você sai de casa e vota em menos de meia hora. É simples, fácil, não tem fila, o processo é automático e rápido. Com o e-título, então, fica mais fácil ainda.

O fantástico é que as urnas eletrônicas nunca foram contestadas, até o Sr. Bolsonaro dizer que elas eram vulneráveis, apesar dele ganhar a eleição e curiosamente não pedir uma verificação da higidez do sistema.

Na eleição seguinte, como as chances de perder eram concretas, se retomou o discurso da falta de confiabilidade das urnas eletrônicas. E elas foram checadas até pelas Forças Armadas, que não me consta que tenha uma expertise tão grande no assunto, e que não encontraram nada de errado no processo de votação e apuração dos resultados.

Curiosamente, nessas eleições ninguém questionou as urnas e a eleição seguiu tranquilamente, com os dois líderes perdendo para o povo.  

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Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.