Crônica de fé em 2020

[Crônica de 3 de dezembro de 1999]

De repente, faltando menos de 30 dias para o primeiro dia do ano 2.000, descubro que estou escrevendo a “Crônica” número 1.800, sete anos após ter começado a levá-las ao ar diariamente pela Rádio Eldorado.

Eu não sou do ramo, mas deve haver alguma força cósmica por trás dessa sequência de datas e números, à vésperas de um bug que pode parar o mundo, porque alguém esqueceu, faz muito tempo, que o ano dois mil iria chegar e que ele não estava tão longe assim.

Dois mil anos depois de Cristo, o homem atinge uma qualidade de vida que seria impensável 50 anos atrás. E não só nos países ricos, mas no Brasil também.

É só comparar as expectativas de vida em 1.949 e hoje para ficar clara a mudança, mesmo com a miséria batendo nos vidros de nossos carros todos os dias.

Mesmo com nossas ruas estando sujas e esburacadas, mesmo com o país atônito com o que as CPI’s vão descobrindo de podre e errado em todos os cantos, começando pela nossa Câmara Municipal, uma das mais antigas do Brasil, metida em escândalos de todos os tipos e cores.  

Por outro lado, quanta coisa boa vem acontecendo porque a sociedade se encheu das coisas ruins e decidiu reagir e reagiu bem. As campanhas pela recuperação dos rios e pelo direito do exercício da cidadania, representadas especialmente pela campanha do Tietê e pelo impeachment do Collor; as campanhas pela moralização da administração pública, pelo combate eficiente ao crime, pelos direitos individuais em todos os seus níveis, me dão a certeza de que nós estamos no caminho certo.

Eu sei que ainda vai demorar, eu sei que a briga é feia e o buraco mais embaixo, mas tenho certeza, agora, 1.800 crônicas depois, mais do que tinha há sete anos, que nós vamos chegar lá e que, já no começo do próximo milênio o Brasil vai ser um grande país.
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